segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Entrevista pt.2


Entrevista pt. 2



Continuação da entrevista.

Entrevista pt.1

Entrevista pt. 1



Entrevista do aluno Cícero (à direita)  com seu amigo Flávio (à esquerda) sobre sua opção sexual, os preconceitos/as dificuldades enfrentadas, a exclusão social, a linguagem dos homossexuais, a "evolução" sobre o fato no Brasil, as maneiras de lidar com a situação, o envolvimento da religião/igreja e a "cura" que eles propõem, relacionamento pessoal e com a sociedade em que vive, o questionamento se o amor existe, agressões verbais e físicas, gírias, emprego/profissão e cultura.
"A verdade liberta"

terça-feira, 9 de outubro de 2012

SER OU NÃO SER? OS GAYS EM QUESTÃO: UMA LEITURA ANTROPOLÓGICA DAS GÍRIAS UTILIZADAS


SER OU NÃO SER? OS GAYS EM QUESTÃO: UMA LEITURA ANTROPOLÓGICA 
DAS GÍRIAS UTILIZADAS PELOS HOMOSSEXUAIS DE BELÉM-PA¹

Mílton Ribeiro da Silva Filho 
Sandra Pereira Palheta
Universidade Federal do Pará

RESUMO: Estudo da construção da identidade gay através da análise das gírias amplamente utilizadas pelos homossexuais: o bajubá. Formulou-se o trabalho a partir de entrevistas não estruturadas e observação participante a fim de acompanhar a dinâmica dos grupos gays, sua forma de sociabilidade e a utilização do bajubá. O estabelecimento da conexão entre as referências simbólicas e a realidade gay foi o ponto de partida para construção teórica do trabalho, pois a partir desta relação constatou-se que as gírias fazem parte do rito de passagem para inclusão no “universo gay”; além do relacionamento entre a criação das mesmas e a inserção de alguns componentes lingüísticos dos ritos afro-brasileiros. As gírias demonstram a marginalização que se propõem os que delas tomam partido, entretanto, elas passam a fazer parte do cotidiano heteronormativo; sendo que os formuladores de tais gírias modificam dialeticamente o contexto quando isso acontece. Os resultados da inserção a campo dimensionam quanto o grupo ainda é mantido à margem da sociedade belenense, mesmo com políticas  públicas e manifestações de ações afirmativas que possibilitariam um maior reconhecimento por parte do mundo heterossexual. 

Palavras-chave: Identidade. Homossexualidade. Gírias.


INTRODUÇÃO 

(...)

 A socialização nos centros urbanos permite que diversos agrupamentos compartilhem suas práticas e viveres, que estudadas a partir do estabelecimento de uma comunicação verbal apresentada em seu seio, principalmente entre os homossexuais, estabelece referências ímpares para o desenvolvimento deste trabalho.  

 Dentro dessa lógica pautadamente heterosexista os  indivíduos que demonstram condutas homossexuais acabam por serem segregados e passam a ficar à margem dos processos decisórios do meio político-social, devido ao estigma social, que lhes é atribuído: os indivíduos GLTTB acabam sendo incluídos neste ciclo de estigmatizações, pois são educados a partir de uma conduta heterossexual e ficam sujeitos aos confrontos de âmbito social e pessoal ao terem sua orientação sexual contestada pela sociedade. Desses conflitos nascem às formas de identificação perante o meio social e o confronto com o mundo heteronormativo, haja vista as piadas machistas e sexistas que o indivíduo GLTTB ouve durante sua trajetória pessoal de vida. Como resultado desse atrito, os mesmos insurgem-se como sujeitos de ação: na criação de movimentos organizados, com o qual possam militar em busca de políticas públicas.

Numa consulta ao mini-dicionário Aurélio a definição de “gíria” aparece em sua segunda acepção como: linguagem que, nascida em certo grupo social, termina estendendo-se à linguagem familiar. E é a partir dessa concepção  do que venha a ser “gíria” que vamos desenvolver este trabalho, mesclando-a com a maneira como os homossexuais encaram, vivenciam e concebem a palavra.


Na etnografia realizada na cidade de Belém a gíria utilizada pelos homossexuais serve para identificá-los enquanto “atores sociais” nesta que pautada pela mentalidade heteronormatizadora, discrimina e segrega as minorias de gênero. Entretanto, alguns termos do bajubá² postos adiante servirão para distinguir os indivíduos GLTTB dos que não fazem parte do mundo homossexual, ou seja, a maioria heterossexual. E neste universo marcado pelo simbolismo, principalmente no tocante à sexualidade, as gírias mostram-se como fator determinante na diferenciação entre gays e “não-gays”.

(...)


O conhecimento e domínio dos símbolos urbanos, no âmbito da linguagem e da língua brasileira, fazem com que as gírias tornem-se familiares a diversas camadas da sociedade. Atribuídas e consideradas elemento dos agrupamentos urbanos, geralmente compostos por jovens e adolescentes, elas podem aglutinar uma série de elementos fonéticos e semânticos, e possibilitar a sociabilidade entre os que detêm seu domínio.

(...)

A ENTRADA NUM CAMPO DIFERENTE E A DESCOBERTA DO BAJUBÁ

(...)


O estranhamento com que o movimento homossexual de  Belém teve que ser tratado, neste trabalho, foi de suma importância para construir-se teoricamente o mesmo, pois alguns termos do bajubá passaram a fazer parte do “mundo hetero” e são utilizadas como se não tivessem nascido no “mundo homo”. E estudar as gírias urbanas, na cidade, exigiu um imenso esforço teórico-metodológico, pois afastar-se do que faz parte do dia-a-dia exige um intenso trabalho, pois

um dos traços mais marcantes da formação do antropólogo é a experiência do 
trabalho de campo, rito de iniciação indispensável  para ser aceito na comunidade 
acadêmica. Durante este período de tempo, o candidato a antropólogo deveria 
separar-se do mundo [...] e viver com o grupo pesquisado, procurando compreender 
sua língua, suas formas de organização econômica, social e política, seu sistema de 
representações, etc. (OLIVEN, 2007, p. 13)

Para Clifford Geertz (1980) o “homem é um animal que consegue fabricar ferramentas, falar e criar símbolos”, no caso do presente trabalho, a gíria aparece como ferramenta de identificação do gay no meio social, pois “ele converte-se agora, já não só no produtor de cultura, mas também [...], no seu produto” (GEERTZ, 1980, p. 28). Segundo o autor o homem assume uma capacidade de criação e utilização simbólica inerente: teoria que servirá para compreensão do que venha a ser símbolo para o entendimento humano. 

O  bajubá para os gays assume um caráter simbólico, uma vez  que tem como objetivo a maneira de demonstrar-se, de assumir sua condição de homossexual, de vender-se³ para os outros, de possibilitar uma possível troca simbólica (BOURDIEU, 2002). Ou “de proteger [...] em determinadas situações de perigo, [...] ou quando iriam fazer alguma coisa” (SOUZA, 1998, p. 231). Como corroborou um dos entrevistados: “É frescura, é uma maneira de se destacar!” e, ainda, “[a gente] fala [as gírias] pras ‘mapôs’ (mulheres) não entenderem”. 

A maneira organizacional dos grupos gays remete-nos a idéia de communitas, que Roberto DaMatta (1997b) nos referencia, uma vez que não existe uma estratificação entre os homossexuais, como podê-se evidenciar através de observação. Porém, numa tentativa de se criar uma hierarquia, à medida que não existem gays “menos gays” que outros, eles classificam-se de muitas maneiras, algumas das quais dispostas no quadro abaixo.  

Este sistema classificatório serve para demonstrar  a “forma particular de dominação simbólica de que são vítimas os homossexuais” (BOURDIEU, 2007), haja vista necessidade dupla de se auto-afirmação: a primeira  ante si mesmo e a segunda perante o grupo.


No trabalho de campo verificou-se certo desconforto,  a priori, quando da abordagem especificamente sobre gírias. Primeiro porque se compreende que as mesmas fazem parte de um contexto marginalizado (construção negativa), ou seja, são usadas por bandidos e malandros; segundo porque a comunidade homossexual não dissocia suas falas estruturadas, a partir de gírias, com a da linguagem usada pelo resto da sociedade; e terceiro porque as gírias gays possuem um nome, o bajubá. 

Quando da leitura de um pequeno artigo em revista de circulação nacional (cf. CORDEIRO, 2007, p. 36) onde se pretendia associar aos gays um sotaque próprio, com pronuncia de fonemas de maneira distinta dos heterossexuais, encaramos a questão a partir da análise de que os mesmos não possuem um sotaque próprio, mas uma gíria própria, identificada e decodificada somente por quem faz parte do “universo gay”. Porém, é necessário ressaltar que durante a pesquisa de campo encontramos entre os seis pesquisados somente um que dizia não utilizar o bajubá, por achar que sua utilização depreciava a imagem homossexual, no entanto ele reconhecia uma grande variedade de termos do bajubá, contribuindo, também, para confecção dos quadros do presente artigo.

(...)

O BAJUBÁ AJUDANDO A CONSTRUIR UMA IDENTIDADE GAY?

(...)

Neste trabalho o bajubá apareceu como um dos elementos essenciais na construção da identidade gay, pois ao utilizá-lo o homossexual consegue socializar-se quase que de forma integral. E “hoje vários termos do  bajubá são muito utilizados entre os homossexuais de uma forma geral e entre várias pessoas que convivem no meio” (SOUZA, 1998, p. 231). E mesmo que não seja gay, quem os utiliza passa a fazer parte do “mundo gay” ou passa a ser referência, pelo menos no aspecto comercial, visto que é encarado como “S” na sigla que corresponde ao mercado homossexual, o famigerado GLS, ou seja, passa a ser simpatizante da
causa (SANTOS, 2005).  

O bajubá toma forma nas expressões criadas pelos homossexuais a partir de sua inserção nos ritos afro-brasileiros, pois alguns sustentam e começam o processo de construção identitária quando se tornam adeptos dos cultos afros. Peter Fry (1982) em sua pesquisa de campo em Belém, na década de 80, notou a freqüência com que os homossexuais se aproximavam e participavam dos rituais do candomblé e umbanda.

Contudo, isso nos leva a crer que a aproximação dos homossexuais como esses cultos religiosos propiciam o conhecimento de algumas expressões das línguas de matrizes africanas das quais se apropriam, transformando-as, e divulgando-as para o resto da comunidade. Considerando que outros termos nasçam de línguas distintas da africana, como a francesa, nos faz supor que os homossexuais, também, entrem em contato com travestis ou gays que vão tentar a vida em outros países, ajudando, também, na composição do bajubá. Porém, algumas das palavras, também, são criadas sem nenhuma relação lingüística. Obtivemos alguns termos e expressões do bajubá vigente em Belém, para efeito de análise.


Além do bajubá, existe uma série de palavras e sufixos que, quando acrescentados em diversas expressões e/ou palavras, servem para rearranjá-las ou coloca-las no contexto próprio do bajubá. Serve de forma a quem estiver de “fora” não perceber o nível e/ou assunto da conversa. Como exemplo tem-se a palavra “estilo” que significa: fazer tipo (inicia-se uma conversa com a expressão para dar sustentação ao desenrolar da estória. Ex.: “Estilo mavélssime...”. Que quer dizer: “Fulana ali é nojenta...”). Expressão muito usada no MSN Messenger, mas com acréscimo da letra “w”, que neste caso acabaria por escrever-se “estilow” para dar a falsa impressão de estar falando com a outra pessoa, e também, para dar ênfase nos trejeitos do bajubá. Como exemplo, temos um quadro com os sufixos mais usados e outro com as expressões derivadas desses sufixos.


Esses termos ganham formas variadas, dependendo das permutações que são feitas nas expressões. Podendo, ora comunicar risco, ora comunicar algum acontecimento passado ou recente que possa interessar o ouvinte, ou não. De forma dialética as expressões são modificadas e reconstruídas, considerando, também, a identidade como um processo em curso, de maneira que para àquele que não possue conhecimento do  bajubá fica inviável “catar” alguma conversa. Criando espaço para um tipo de interação simbólica restrita somente aos homossexuais.  


CONSIDERAÇÕES FINAIS 

(...)

Os homossexuais são evidenciados a partir da relação indivíduo/grupo, uma vez que estes necessitam passar por rituais estruturados a partir do coletivo. As gírias ou bajubá foram analisadas neste trabalho como fator primordial na fundamentação do construto identitário homossexual, pois elas são usadas como  parte do elemento performático gay: incluindo o falante no universo totalizante dos gays.

Mesmo o bajubá sendo utilizado com maior freqüência pelo “mundo heterossexual”, que poderia ser entendido como uma  quebra na resistência, mas ainda percebemos a forma discriminatória e sarcástica com que grande parte dos homossexuais continua a ser tratados: por meio de piadas, de olhares e do uso do bajubá como forma de depreciar a imagem homossexual; que muitas vezes são humilhados por delas serem alvos. 

Reagindo a isso, os gays reinventam a linguagem cotidiana, interpolando gírias urbanas, e transformado-as de maneira dialógica com seus opositores: criando o bajubá, por exemplo. A utilidade que as gírias ganham é de extrema importância para o grupo, pois ao mesmo tempo em que separa e marginaliza os gays, em contrapartida cria uma ampla rede de sociabilidade, e porque não dizer de solidariedade.










sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Investimento do Estado em produções com temas LGBT


Estado investe R$ 400 mil em produções com temática LGBT

Em 2012, produções culturais com temática LGBT - população que inclui lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais - receberão apoio financeiro da Secretaria de Estado da Cultura por meio de um edital do Programa de Ação Cultural (ProAC-Editais)Os interessados devem inscrever seus projetos até o dia 28 de setembro.

No ano passado, entre os projetos aprovados pelo ProAC, o espetáculo teatral “Não conte a ninguém”, estrelado pela Cia. Artera de Teatro, foi muito bem recebido pelo público. A trama retrata o reconhecimento da homossexualidade de forma sensível e delicada. Já o cantor Paulo Azaviche, irá resgatar canções da MPB que tenham relação com a diversidade sexual, para a gravação de um disco apoiado financeiramente pelo programa.

Neste ano, o concurso lançado no mês de agosto sofreu algumas alterações com o objetivo de atender melhor às demandas do público e da classe artística. Diversas expressões culturais serão contempladas desde que sejam desenvolvidas a partir de temas LGBT. Entre as atividades descritas no edital estão: publicação de livros, gravação de CD e DVD, espetáculos de dança e de teatro, entre outros.

Os dez melhores projetos serão escolhidos e receberão cada um R$ 40 mil para a execução. O edital voltado à temática LGBT está disponível, na íntegra, no site da Secretaria de Estado da Cultura (www.cultura.sp.gov.br).


http://www.diariodemarilia.com.br/Noticias/115254/Estado-investe-R-400-mil-em-produes-com-temtica-LGBT

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Anúncio com teor homofóbico causa indignação em todo o país



Um anúncio publicado na edição de segunda-feira (3) do 'Folha de Pernambuco' tem causado indignação em todo o país e tem sido alvo de crítica nas redes sociais. A peça, que é uma campanha do Fórum Pernambucano Permanente Pró Vida (FPPPV) chamada "Pernambuco não te quer", coloca a palavra 'homossexualismo' ao lado de 'pedofilia', 'prostituição' e 'exploração sexual de menores'.

Segundo o site do grupo que criou o anúncio, a campanha ataca de frente a exploração do turismo sexual no estado. "Nesta campanha, a organização se manifesta abertamente contra comportamentos e atitudes anticristãs como a pedofilia, a prostituição, a exploração sexual de menores e a proliferação do homossexualismo", acrescenta o texto. 


Ele faz referência à campanha da Prefeitura de Recife para atrair turistas para a cidade, chamada "Recife Te Quer". A prefeitura da capital pernambucana divulgou uma nota de esclarecimento, em que lamenta o anúncio publicado, o qual "desrespeita frontalmente o público LGBT, apropriando-se indevidamente do conceito de uma marca construída pela gestão municipal ao longo dos últimos anos, o "Recife Te Quer"".


Ainda em nota, a prefeitura reforça que "o posicionamento homofóbico da instituição responsável pelo anúncio não reflete a realidade vivenciada pelos turistas que nos visitam. O Recife é reconhecidamente um destino friendly e não compartilha com qualquer ato de homofobia [...] Por último, deixamos um recado para todas as cores, religiões, opções e diversidades: o Recife te quer sempre". 

Diante da repercussão provocada pelo anúncio, o Folha de Pernambuco manifestou-se nesta terça-feira (4) em sua página no Facebook. "Erramos! Pedimos desculpas e garantimos que tal episódio não se repetirá. Sobre o anúncio publicitário do instituto Pró-Vida publicado na edição de segunda-feira, 3 de setembro de 2012, a Folha de Pernambuco afirma que seu conteúdo de forma alguma reflete a opinião do jornal, cuja prática sempre foi a de divulgar e promover todas as ações que esclarecem e propagam a tolerância e o respeito aos direitos humanos [...] Reconhecemos como dever assegurar o respeito ao próximo e não tolerar qualquer tipo discriminação, seja ela racial, religiosa ou sexual".

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

XI Parada Gay de Aracaju!

Antes de mais nada, pedimos desculpas por termos passado tanto tempo sem postar. Por motivos técnicos, o blog ficou paralisado.





A Organização Não Governamental (ONG) Astra (Associação de Travestis de Aracaju) realizou mais uma vez a Parada Gay em Aracaju. A 11ª edição do evento aconteceu no domingo (12-08), a partir das 14 horas, na Orla de Atalaia. O trio elétrico principal trouxe a cantora Joe Welch e seus hits dançantes, além de outras bandas e DJ's que fizeram a festa da cidadania LGBT de Sergipe.
O tema deste ano da celebração à liberdade sexual é Tome Uma Dose de Bom Senso. De acordo com a organização, a dose de bom senso é uma resposta à polêmica discussão sobre cura da homossexualidade que tem sido reavivada nos últimos meses. Em maio deste ano, o programa CQC, da rede de televisão Bandeirantes, satirizou o projeto de lei do deputado João Campos (PSDB-GO), que propõe a legalização do tratamento da homossexualidade. A questão cresceu mais ainda na mídia depois que a psicóloga Marisa Lobo foi intimada pelo Conselho Regional de Psicologia do Paraná a retirar frases religiosas de hostilidade contra homossexuais de suas redes sociais. Ao programa CQC, Marisa, que também oferece "cura" para homossexualidade, reiterou que não mudará sua orientação de fé. 
Desde 1990, a Organização Mundial de Saúde (OMS) retirou da Classificação Internacional de Doenças o código 302, referente à homossexualidade, declarando que "não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão". A nova classificação entrou em vigor entre os países membros das Nações Unidas em 1993, marcando o fim do conceito judaico-cristão de quase 2000 anos, que definiu a homossexualidade como pecado, depois como crime e, por último, como doença. "O tema da nossa Parada pretende contra-atacar esta perversa estratégia de correntes religiosas que tentam nos colocar como doentes e, assim, desestabilizar nossas conquistas", explicou Tathiane Araujo, coordenadora do evento em Sergipe há 11 anos. 
A 11ª Parada LGBT de Sergipe foi precedida por uma série de atividades socioeducativas chamada de Circuito do Orgulho. Além das animadas panfletagens por bairros de Aracaju, apelidadas de pit-stops, a programação trouxe festas em boates, debates e seminários. Na sexta-feira, dia 10, a programação se encerrou com o seminário "Saúde, Prevenção e Cidadania". A formação começou às 14 horas, no Hotel Parque das Águas, no bairro Coroa do Meio.
À noite é a vez da famosa Festa da Pré-Parada, no Bar Alquimia, onde serão reveladas a musa e drag oficiais da Parada.  


Sobre a Astra 
A Astra - Direitos Humanos e Cidadania GLBT é uma organização não governamental sem fins lucrativos fundada em 30 de novembro de 2001, na cidade de Aracaju (SE). É uma entidade de utilidade pública, reconhecida pela Lei Estadual nº. 5.198 de 9 de julho de 2006. Sua direção é composta por gays e transgêneros que atuam em diversas áreas profissionais, como direito, pedagogia e jornalismo, além de voluntários. 
A Astra trabalha pela conquista e garantia de plenos direitos humanos para a comunidade GLBT (gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros) e está sempre lutando contra qualquer forma de discriminação contra estes, seja de expressão social, política, religiosa, cultural ou econômica. A entidade visa promover a saúde, a educação e a cidadania plena desta comunidade. 
Desde 2002, a Astra tem ações de saúde nos 13 municípios sergipanos mais prejudicados pela infecção de homossexuais por HIV e desrespeitos aos direitos humanos. Tais ações se consolidaram através de um projeto de prevenção a DST/AIDS e conscientização para o exercício de cidadania plena executado por 30 meses nesses municípios. No mesmo ano, a instituição começou a realizar a Parada GLBT de Sergipe com o intuito de promover a visibilidade e integração de gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros através da informação, educação e comunicação.

Câmara apoia Parada Gay
Em meio ao colorido que tomou a Orla da Atalaia na tarde do domingo(12-08-2012), os vereadores da Câmara Municipal de Aracaju (CMA) se misturaram à multidão para cobrar igualdade. A XI Parada Gay de Sergipe contou com o apoio dos parlamentares que foram representados pelo presidente da Câmara, Emmanuel Nascimento (PT) e pelos vereadores Miriam Ribeiro (PSD), Danilo Segundo (PSB) e Karla Trindade (PCdoB).


http://www.jornaldacidade.net/osmario-leitura/34104/camara-apoia-a-parada-gay.html

http://meninourso.blogspot.com.br/2012/08/gay-pride.html 

http://www.jornaldacidade.net/noticia-leitura/227/33964/acontece-neste-domingo-a-11-edicao-da-parada-gay.html

terça-feira, 17 de julho de 2012

Primeira união oficial homoafetiva em Aracaju




Casal homossexual se casa em Aracaju

A juíza de Direito da 2ª Vara Privativa de Assistência Judiciária da Comarca de Aracaju, Gardênia Carmelo Prado, autorizou o matrimônio.
Aracaju (4 jul) –A primeira união de pessoas do mesmo sexo (ou homoafetiva) do estado de Sergipe aconteceu na manhã de quarta (4), no cartório do 14ª ofício, em Aracaju. A juíza da 2ª Vara Privativa de Assistência Judiciária da Comarca de Aracaju, Gardênia Carmelo Prado, autorizou o matrimônio, que dá todos os direitos de um casal heterossexual. Desta forma, Ângela Maria Guimarães, de 46 anos, e Carla Viviane Campos Fontes, de 30, são oficialmente o primeiro casal homoafetivo de Sergipe. 

Em cerimônia íntima e a portas fechadas, o casal selou a união de dois anos, na presença de parentes e amigos. As duas não quiseram detalhar a imprensa o momento histórico que viveram, declarando apenas que a sensação é de felicidade e conquista.  De acordo com a juíza Gardênia Carmelo, que autorizou o casamento, este tipo de decisão cria uma tendência no estado, mas a sentença de realização do matrimônio vai depender do entendimento de cada juiz.

Os casais homoafetivos que desejem também oficializar a união devem procurar qualquer cartório de registro civil, iniciando o mesmo processo de qualquer outro casal. Ou seja, será publicado o edital, aberto os proclamas e exigida a documentação necessária.
Apesar de este ser o primeiro caso anunciado à população, a juíza tem dúvidas se é de fato o primeiro casamento homossexual em Sergipe. “Pelo menos na 2a Vara Privativa de Assistência Judiciária da Comarca de Aracaju, onde sou juíza titular, não detectei ainda outro caso. Mas como há vários cartórios de registro civil, não temos como saber se há outros”, explicou a magistrada.
O reconhecimento deste tipo de união foi aprovado pelo Supremo Tribunal (STF) em cinco de maio de 2011, permitindo a casais do mesmo sexo o acesso a boa parte dos direitos de casais heterossexuais. Um dos nubentes, inclusive, pode até usar o sobrenome do outro, se preferir, como acontece com os cônjuges.
Os benefícios com o reconhecimento desta união são inúmeros, tanto judiciais quanto sociais. “Essa igualdade traz inclusão social, garantindo direitos e a cobertura do que determina a lei, além da aceitação social que só tende a crescer. É a valorização das minorias”, compreendeu a juíza.
O casal preferiu não detalhar a imprensa a sua união. Foto: André Moreira/Equipe JC

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Facebook cria ícones para casamentos homossexuais


 (Reprodução do Facebook)


A partir de agora os membros do Facebook terão ao seu dispor ícones para casamentos de pessoas do mesmo sexo.

A novidade apresentada pela rede de relacionamentos traz além dos ícones que já identificam um homem e uma mulher, dois homens ou duas mulheres .Os ícones são destinados a casais homossexuais que pretendam demonstrar na sua cronologia a mudança de seu estado civil, anteriormente a possibilidade só existia para casais heterossexuais.

Um dos primeiros utilizadores do site a utilizar o novo ícone foi Chris Hughes, um dos fundadores do Facebook, revela o portal CNet News.

A iniciativa já foi congratulada pelo grupo Gay and Lesbian Alliance Against Defamation, que a vê como bastante importante para o reconhecimento das uniões entre pessoas do mesmo sexo.


Apresentador da CNN Anderson Cooper assume homossexualidade




O apresentador e jornalista da rede de TV CNN Anderson Cooper, de 45 anos, assumiu sua homossexualidade nesta segunda-feira(2), ressaltando: "Não poderia estar mais feliz, satisfeito comigo mesmo, e orgulhoso".
Cooper confirmou o que amigos e parentes já sabiam em um e-mail enviado a um jornalista do The Daily Beast online que havia pedido a ele que comentasse o fato de celebridades estarem assumindo sua homossexualidade.
"Embora meu trabalho me torne conhecido publicamente, tenho tentado manter algum nível de privacidade em minha vida, parte disso por motivos puramente pessoais", diz o e-mail enviado a Andrew Sullivan. "Acredito que a maioria das pessoas desejem um pouco de privacidade para si e para as pessoas próximas", acrescenta o texto, publicado no blog The Dish, do jornalista britânico.
"Ficou claro para mim que, por ter mantido o silêncio em relação a certos aspectos da minha vida pessoal por tanto tempo, passei a impressão errada de que estaria tentando esconder alguma coisa, algo que me deixaria desconfortável, envergonhado, ou, até mesmo, amedrontado. Isso é uma pena, porque, simplesmente, não é verdade. O fato é que sou gay, sempre fui, sempre serei", continua o texto.
Cooper é o principal âncora do programa diário "Anderson Cooper 360", exibido pela CNN. "Sempre fui muito aberto e honesto em relação a esta parte da minha vida com meus amigos, minha família e meus colegas. Em um mundo perfeito, acho que isso não é da conta de ninguém, mas acredito que há um valor em se manifestar. Não sou um ativista, mas sou um ser humano", concluiu.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Marcha do Orgulho LGBT em Lisboa 2012




PORTUGAL: Marcha LGBT em Lisboa

Sábado, 23 de Junho, o Príncipe Real em Lisboa voltou a pintar-se de múltiplas cores para celebrar a 13ª Marcha do Orgulho LGBT de Lisboa. 
Aqueles mais pontuais foram presenteados com a animação do coro londrino "Pink Singers", enquanto os restantes marchantes à boa maneira lusitana iam chegando mesmo em cima da hora. Passados cerca de trinta minutos da hora marcada sentia-se as primeiras agitações no sentido de dar início efetivo ao desfile. Os "mestres de cerimónia" iam alinhando os diferentes coletivos, enquanto o carro de som aumentava o volume e a precursão dava os primeiros arrufes. Iniciava-se desta forma a Marcha do Orgulho LGBT de Lisboa 2012, que do jardim do Príncipe Real ia percorrer as ruas de São Pedro de Alcântara, Rua da Misericórdia, Rua Garrett e Rua do Carmo, para na parte final atravessar a parte baixa da Praça do Rossio e terminar na Praça da Figueira. Nesta praça concentraram-se em frente ao carro de som, puderam assistir à leitura resumida do manifesto e aos discursos proferidos pelas diferentes entidades que organizaram esta edição.

DISCURSOS: 

Margarida Faria da Amplos (Associação de Mães e Pais pela Liberdade da Orientação Sexual) reforçou a razão da presença desta associação na Marcha, expressando que muitas vezes é preciso fazer das fraquezas forças na defesa dos filhos e filhas dos pais que fazem parte da Amplos, e num jeito quase de desabafo diz em relação a esses pais "o que alguns andaram para aqui chegar", mostrando assim que é um caminho muitas vezes difícil, mas que é de certeza mais fácil quando constantemente trabalhado e partilhado por todos os intervenientes.

Nadia da UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta) e uma das organizações não-LGBT mais antiga destas andanças, não deixou de fora a importância de marchas como esta existirem e da dedicação da UMAR em fazer parte delas.

De Coimbra veio Ana Cristina Santos que pela Associação Não Te Prives, que começa por salientar que temos alguma coisa que festejar, mas ainda temos muito porque dizer não: não à desigualdade, não à discriminação, não ao preconceito. Ainda não temos o respeito por todos os nossos direitos, e por isso estamos atentos para denunciar todas as formas de discriminação.

O Poly-Portugal, na voz de Alistair, fez referência que embora estejamos em crise, essa crise é económica e não de afetos, não no amor. "Os beijos não se esgotam" disse, tal como não se esgotam segundo as suas palavras, as possibilidades de relações afetivas e amorosas entre duas ou mais pessoas.

Cátia da rede ex aequo, salientou que recentemente a comunidade havia dado um passo pequeno, mas mais um passo, com a aprovação em concelho de ministros do estatuto do aluno e ética escolar, onde é referido o respeito devido por todas as orientações sexuais dos alunos, e este passo só foi pequeno porque nesse mesmo estatuto não se lê o mesmo respeito pela identidade de género.

Uma estreia nas lides da Marcha do Orgulho LGBT de Lisboa, foi a presença da Associação de Alunos do ISCTE representada pelo João, que exaltou a homofobia e o machismo vivido no meio universitário, com especial referência (em bom vernáculo) a diversos cânticos utilizados durante as praxes.

Quase no final das intervenções, Letícia, falou-nos pela APF (Associação Planeamento Familiar), amplificando a falta de informação correta, isenta e esclarecida dos meios disponíveis nomeadamente na procriação medicamente assistida, salientando a necessidade de um discurso livre de preconceitos e julgamentos baseados em valores pessoais.

Terminou estas intervenções a representante da ILGA-Portugal, Júlia, que agradeceu a presença do grupo coral britânico "Pink Singers" e anunciou a festa que a sua associação ia ter no Teatro do Bairro onde estaria presente o referido grupo coral mas também o coro da ILGA e mais animação.

Faradiva encerrou os dicursos no papel de marketing na promoção da festa da Marcha do Orgulho LGBT de Lisboa que iria decorrer no Teatro Aberto, em Santos e convidando todos também a permanecerem ainda na Praça da Figueira pelo tempo que quisessem com o DJ a animar as hostes.


http://www.portugalgay.pt/extra/lisboa2012/

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Contradição: APOGLBT x Datafolha


Desde 2007, a manifestação vem atingindo a média de 3,5 milhões de participantes, porém, a partir desta edição, a APOGLBT (Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo), entidade organizadora, decidiu por não divulgar números oficiais. Mas diante do cálculo apresentado pelo Datafolha na segunda-feira (11), a organização vem a público expressar que discorda dos resultados e questiona o método aplicado.

A decisão da APOGLBT por não realizar a contagem deve-se pelos seguintes motivos:

1) Nos primeiros anos, enquanto a principal reivindicação do movimento era o reconhecimento da população LGBT através da promoção da visibilidade, foi de extrema importância o registro de quantas pessoas participavam da Parada e seu expressivo crescimento a cada ano. Conquistado esse reconhecimento, os esforços estão voltados para a efetivação de políticas públicas e avanços legislativos que garantam a cidadania e os direitos humanos. Tendo em consideração que as seis últimas edições mantiveram a mesma margem de público, a contabilização deste índice torna-se uma demanda secundária.

2) Não há compromisso firmado entre a APOGLBT, os patrocinadores e apoiadores da manifestação que estabeleça uma meta de público a ser atingida, nem mesmo é exigido que a quantidade de participantes seja relatada em caráter de prestação de contas. Por conseguinte, a medição de público vem sendo, nos últimos anos, uma solicitação de interesse exclusivo da imprensa.

3) A cada edição, a Parada do Orgulho LGBT traz um tema que reflete diversas reclamações do movimento, sendo as prioridades atuais a criminalização da homofobia em âmbito nacional através da aprovação do Projeto de Lei da Câmara 122 de 2006, o reconhecimento efetivo das famílias compostas por casais homoafetivos e a aplicação do projeto Escola Sem Homofobia e demais iniciativas que insiram o respeito às diversidades no ensino. Diante disso, a organização observa que o anseio por parte da mídia quanto ao número de integrantes tem dividido o foco da difusão de nossos principais objetivos.

Com o esclarecimento de sua estratégia e reafirmando que em nenhum momento seus membros anunciaram dados oficiais sobre a contabilidade dos participantes, a APOGLBT apresenta argumentos que denotam equívocos nas informações publicadas pela Folha de S.Paulo, que em matéria de capa diz que a 16ª Parada reuniu 270 mil pessoas, segundo método desenvolvido e aplicado pelo Datafolha.

Ineditismo, área e período 


Na página C1 de sua edição do último dia 11, o jornal afirma que “pela primeira vez na história, a manifestação teve uma medição de público com caráter científico”, o que não é verdade. Em 2006, representantes do Guinness World Records (Livro Guinness dos Recordes), com sede em Londres (Inglaterra), estiveram em São Paulo a convite da APOGLBT para realizar a contagem do público presente na 10º Parada, através de rigorosos requisitos com padrões internacionais. 

Ao final, os pesquisadores concluíram que a manifestação teve a participação de 2,5 milhões de pessoas, o que conferiu à Parada paulista o título de The Biggest Pride Parade Of The World (A Maior Parada do Orgulho LGBT do Mundo).

Portanto, tanto a Folha quanto o instituto negligenciam o trabalho do Guinness e ainda subestimam a contagem realizada por uma organização renomada em todo o planeta, conhecida por sua seriedade e rigidez nos critérios de avaliação.

Além disso, de 2008 a 2010, a APOGLBT também realizou o cálculo através de método científico com base na engenharia hidráulica. A organização utilizava imagens aéreas fornecidas pela Polícia Militar e considerava o fluxo e rotatividade de público, tendo como área ocupada para pesquisa o final da Rua Vergueiro, a Avenida Paulista em sua extensão, início da Avenida Rebouças, Rua da Consolação, Avenida Ipiranga até a Praça da República, Largo do Arouche e todas as vias transversais e adjacentes deste espaço, no período das 10h (início da concentração) às 20h (prazo máximo de para liberação das interdições).

Como consta na página C4 do jornal, a área analisada pelo método do Datafolha vai do número 1578 da Avenida Paulista (MASP) – o que omite do registro quase a metade da via – até a Praça Roosevelt. Isso representa, no máximo, um terço do espaço considerado pela contagem da APOGLBT. O período de campo do instituto também é menor, das 11h30 às 18h – três horas e meia a menos que o da organização.

Para comparação, ocupando um espaço de aproximadamente 1,2 km, a festa de réveillon na Avenida Paulista anuncia receber 2 milhões de pessoa, mais da metade do que a margem de público da Parada, em cerca de uma área pelo menos 7,5 vezes menor.


Contradições

Segundo levantamento realizado pela São Paulo Turismo (SPTuris), empresa da Prefeitura, a Parada do Orgulho LGBT de 2011 recebeu mais de 600 mil visitantes, entre do habitantes do estado, de outra regiões do país e estrangeiros – número superior em 122% do que o total de participantes contabilizados pelo Datafolha –, o que classifica a manifestação como o maior atrativo turístico da cidade. Com a estimativa de que o número se repita neste ano e mesmo considerando que nem todos que vem a São Paulo no período participam diretamente da Parada, o valor apresentado pelo instituto é, no mínimo, incoerente.

Dos 270 mil anunciados pela reportagem, 40% seriam de fora de São Paulo. O valor significa que 108 mil turistas participaram da Parada. Isso representa que apenas 18% da expectativa registrada pelo levantamento oficial da SPTuris teriam, de fato, comparecido à Avenida Paulista no último domingo.

Outro dado da empresa municipal é que a 15ª Parada registrou recorde de arrecadação aos cofres públicos, somando um retorno de R$ 206 milhões em carga tributária, ficando somente abaixo do circuito de Fórmula 1. Esperando que esse montante se repita e calculando simbolicamente a média de gasto individual dos participantes da manifestação sobre o levantamento do Datafolha, a contribuição seria de quase R$ 793,00 por pessoa.

A SPTuris aponta ainda que 47,7% dos integrantes da Parada possuem renda familiar entre R$ 545,00 e R$ 2.725,00, o que torna mais uma vez questionável a estimativa do instituto do Grupo Folha.

E por fim, o último questionamento da organização se dá sobre os resultados da operação Parada Limpa, da Prefeitura de São Paulo, que recolheu durante e a após o término da manifestação 117 toneladas de lixo (106 toneladas na varrição e 11 toneladas de material reciclável). Se a informação de que 270 mil pessoas estiveram presentes for verídica, significa que cada manifestante foi responsável pela produção média de 433 gramas de lixo.


Números relevantes


Para a APOGLBT, os números realmente relevantes foram os divulgados pela Polícia Militar do Estado de São Paulo (PM) e pela Guarda Civil Metropolitana (GCM), que solidificam a Parada do Orgulho LGBT de São Paulo como a atividade pública de grande porte mais pacífica e tranquila do estado. Conforme a PM, foram registradas apenas oito ocorrências de furto e roubo, índice que em 2008 e 2009 havia ultrapassado 140 casos.

Nesta 16ª edição, 106 participantes precisaram ser socorridos pelos profissionais dos postos médicos, número aproximadamente quatro vezes menor se comparado com a Parada anterior, quando foram atendidas cerca de 400 pessoas. Essa redução é um reflexo do primoroso trabalho da GCM, que interceptou a venda ilegal na região e recolheu mais de 22 mil produtos irregulares – contra 19,7 mil em 2011 – entre eles, 3,5 mil garrafas de vinho químico.

A organização considera-se extremamente satisfeita com a realização da Parada, pois o nosso principal objetivo foi alcançado. Durante todo o 16º Mês do Orgulho LGBT de São Paulo, apontamos a vulnerabilidade dos LGBT enquanto grupo minoritário com direitos constantemente ceifados, promovemos o debate político para a inclusão em todos os setores da sociedade, ocupamos os espaços públicos para reivindicar respeito e igualdade e valorizamos a autoestima de milhares de pessoas que ainda se encontram à margem da cidadania.


E de todos os valores apresentados ao longo desses dias, os que verdadeiramente nos importam são os dados subnotificados da violência homofóbica no Brasil, que mata um LGBT a cada 33 horas. De nada adianta termos a maior Parada do mundo se ainda somos o país líder em crimes de ódio, respectivos à discriminação por orientação sexual e identidade de gênero.


quarta-feira, 13 de junho de 2012

Parada Gay!




Parada Gay 2012 chega à sua 16ª edição na Avenida Paulista, dia 10 de junho, às 12h, com o tema escolhido por votação em um concurso nas redes sociais: Homofobia tem cura: educação e criminalização! – Preconceito e exclusão, fora de cogitação!.
A atração reivindica a aprovação do PLC 122 e distribuição do kit anti-homofobia nas escolas. Como de costume, há uma programção GLBT (gays, lésbicas, bissexuais, transexuais e travestis) durante todo o mês que antecede a Parada.
De acordo com a SPTuris, empresa de turismo de São Paulo, a atração é o segundo maior evento da cidade em termos financeiros - só perde para a Fórmula 1.
São mais de 400 mil turistas que visitam a cidade deixando mais de R$ 180 milhões no comércio local. Na edição passada, 16 trios elétricos e um público estimado em 4 mihões de pessoas tomaram conta da avenida.
O percurso começa ao meio-dia, segue pela Rua da Consolação até à Praça Roosevelt, onde o último trio deve se dispersar por volta das 19h.

Sobre o PLC 122:

Neste domingo (10), durante a 16ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, haverá um ato intitulado #AÇÃONAPARADA, cujo objetivo é reivindicar a aprovação do Projeto de Lei da Câmara (PLC) 122 de 2006 em sua redação original. Convocado através das redes sociais, o grupo formado por militantes independentes vai se reunir na esquina da Avenida Paulista com a Rua Frei Caneca, a partir das 11h.

Segundo um dos organizadores, Marcos Morcef, “a ideia é agregar pessoas [para a causa]”, através da distribuição de adesivos e materiais explicativos sobre o Projeto. A nota divulgada pelo grupo pede para que os interessados em participar levem “faixas, cartazes, bandeiras, amigos, organizações, ideias e bom humor”.

De autoria da ex-deputada federal Iara Bernardi (PT-SP), a primeira versão do texto foi apresentada na Câmara dos Deputados em 2001 sob o número 5003/2001. Com sua aprovação em 2006, a proposta de Lei passou a tramitar no Senado sob a relatoria da então sanadora Fátima Cleide (PT-RO) e, a partir de 2011, pela senadora Marta Suplicy (PT-SP). Durante todo esse período, o PLC enfrenta forte repressão das bancadas conservadoras – principalmente as religiosas -, que não medem esforços para barrá-lo.

Desde sua aprovação pela Câmara, o PLC 122/2006 passou a ser a principal demanda do movimento LGBT brasileiro. A reivindicação está presente no tema da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo em suas seis últimas edições, incluindo nesta que se realiza amanhã: “Homofobia tem cura: educação e criminalização!”.

No último ano, Marta Suplicy propôs articular com representantes da bancada opositora uma nova redação do PLC, a fim de diminuir a resistência para a votação. Porém, a texto substitutivo foi criticado por diversos ativistas do movimento LGBT, que o consideram brando e menos abrangente.

Na última sexta-feira (8), durante a entrega do 12º Prêmio Cidadania em Respeito à Diversidade, a assessora de Marta, Montserrat Bevilaqua, esteve presente afirmou que a senadora atendeu aos protestos da militância e vai retomar o texto original do Projeto, apresentado por Bernardi. Agora resta a expectativa para que a votação ocorra o mais breve possível e que o PLC 122/2006 seja finalmente aprovado.

Confira o manifesto-convite divulgado para a #AÇÃONAPARADA pelo PLC 122 abrangente: 

#AÇÃONAPARADA 
Pelo PLC 122 com criminalização ABRANGENTE da homofobia:
- na agressão verbal
- na agressão física
- na repressão das manifestações públicas de afeto
... - no discurso de ódio
- na incitação ao ódio
- com penas de 2 a 5 anos (equivalentes às do crime de racismo)
Pelo Ensino Laico e Estado Laico de Fato!

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Homossexual sem pré-requisitos


CRÍTICA: 'Avenida Brasil' trata homossexualismo sem caricaturas

 

Numa divertidíssima cena de “Avenida Brasil”, Leleco (Marcos Caruso) expressou para Diógenes (Otávio Augusto) sua preocupação com o suposto meio-irmão de Tessália (Débora Nascimento). A moça garantiu que ele era gay, mas não o convenceu. Tudo porque o sujeito não preenche os requisitos que Leleco considera indispensáveis. Foi como disse, indignado, a Diógenes: “Ele queria me ensinar a fazer chuleta na brasa. Agora comenta futebol. Me diz, isso lá é um gay que se apresente?”. Igualmente confuso, o amigo ponderou, apelando para os motivos de força maior: “Concordo que é uma coisa meio estranha, mas o mundo está mudando, faz frio no verão, faz calor no inverno. Tem homem que dança balé e não é gay. Tem gay que comenta futebol. Temos que aceitar...”.
Em “Avenida Brasil”, o que para o malandro é um axioma indiscutível — gay não comenta futebol nem sabe fazer churrasco — para parte do público soa apenas como caricatura. E nessa história, a caricatura em evidência é a do machista incorrigível, do pensamento conservador, da boçalidade e até da ingênua ignorância. Os personagens homossexuais desta vez — diferentemente do que ocorreu em outras novelas — passam longe da representação burlesca. É o caso de Roni (Daniel Rocha). Sem lição de moral, sem militância nem campanha, “Avenida Brasil” prefere o caminho do humor refinado. E, como todo mundo sabe, o humor é uma ótima via para a reflexão. E o refinamento não tira pedaço de ninguém.



sexta-feira, 18 de maio de 2012

Algumas frases sobre preconceito


A quantidade de preconceito que cada um de nós tem é inversamente proporcional a de inteligência.

Jefferson Luiz Maleski


O preconceito está na maldade dos olhos de quem vê, e na ignorância de quem acha que sempre está com a razão.

Leo Cruz 


A pior prisão é a: do preconceito, da inveja, da cobiça, da hipocrisia, do egoísmo, da mentira, enfim a pior prisão é a mente...

Afro-x


Martin Luther king foi assassinado pelo extremo preconceito do século passado, mas neste século, ele cometeria suicídio, diante de tanto egoísmo.

Kleber Novartes

Preconceito não é ter suas críticas. A crítica requer conhecimento; O preconceito, apenas as vítimas.

Thais Dayani


Todo conceito que o homem não modifica com sua evolução torna-se um preconceito, e os preconceitos acorrentam as almas a pedra da inércia mental e espiritual.

Wilsiane Santos


Nada é mais deficiente que o preconceito e nada mais eficiente que o amor.

Val Marques

Escondi o máximo que podia os meus medos, e eram, como você dizia, "preconceito consigo mesmo", quando você olhou para eles disse: " Não tem nada aqui". Encorajado e me sentindo seguro, então mostrei meus defeitos, tirei o capacete, me despi da armadura, coloquei o escudo num canto e guardei a espada na bainha. Daí você viu que sou exagerado, dramáticos, evito discussões e tenho tendências a ficar perdido num mundo que não dá para entrar. Mas você deu um jeito de entrar sim, e disse "Como é legal aqui". Virou moradora da minha concha...

André Luis Aquino

"Feliz daquele que ama a vida
Em toda sua extensão,
Libertando-se de qualquer preconceito,
Irradiando apenas a luz natural de se alegrar com todos aqueles
Que estão ao seu lado,
Ignora os erros em seu semelhante,
Dando o seu coração, em troca de uma
Amizade sincera e eterna...
De pessoas assim,
Poderemos obter o exemplo,
Do que é realmente saber viver..."

Tamiris

Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito.

Albert Einstein